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O lado positivo da SOLIDÃO

Foto do escritor: Sheila Fernandes Sheila Fernandes




O fim de mais um dia desce sobre a cidade como um véu de cansaço e urgência. As pessoas emergem das prisões de concreto que chamam de trabalho, apressadas, ansiosas para escapar da agitação que as consome. Caminham lado a lado nas ruas movimentadas, rostos obscurecidos pelo peso das preocupações, enquanto ônibus lotados e metrôs abarrotados são apenas mais um capítulo na rotina caótica que vivenciam.

No entanto, apesar de compartilharem o mesmo espaço, são como rios que jamais se encontram. Entre as multidões apressadas, cada indivíduo carrega sua própria solidão, um fardo invisível que se manifesta nas entrelinhas dos olhares perdidos e dos suspiros solitários. Não importa o brilho das luzes da cidade ou o apelo dos cartazes anunciando o próximo lançamento, todos estão recolhidos a seus próprios abismos interiores.

As estatísticas ecoam como um eco doloroso: o número de pessoas solitárias triplicou desde 1960, afirmam as pesquisas da Gallup. Os médicos alertam sobre os perigos da solidão, alertando para suas consequências nefastas, muitas vezes fatais. No entanto, os números apenas arranham a superfície de uma realidade mais complexa. Pois há aqueles que, embora cercados por uma multidão, sentem-se como os mais solitários de todos os seres.

A solidão, às vezes, é uma aliada indispensável, uma aliada criativa que alimenta a alma dos grandes artistas. Michelangelo dedicou 14 anos solitários de sua vida para pintar o teto da Capela Sistina, um testemunho imortal do poder transformador da solidão.

No entanto, a solidão também é uma sereia perigosa, capaz de conduzir-nos a abismos emocionais dos quais é difícil emergir. Nesses momentos sombrios, perdemos oportunidades preciosas, afastamos amigos e entes queridos, até que, tarde demais, percebemos o preço devastador de nossa própria reclusão emocional.

Devemos, portanto, trilhar com cautela os caminhos da solidão. É essencial saborear os momentos de introspecção e autoconhecimento, mas sem nos perdermos nas sombras da nossa própria melancolia. Pois, no final das contas, a verdadeira riqueza reside na conexão humana, nos laços que tecemos com os outros e nos momentos compartilhados que nos tornam verdadeiramente vivos.




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